sábado, 23 de maio de 2009

Sem Budismo



Poema que é bom
acaba zero a zero.
Acaba com.
Não como eu quero.
Começa sem.
Com, digamos, certo verso,
veneno de letra,
bolero. Ou menos.
Tira daqui, bota dali,
um lugar, não caminho.
Prossegue de si.
Seguro morreu de velho,
e sozinho.

[do livro Distraídos Venceremos]

Paulo Leminski

domingo, 17 de maio de 2009

Liberdade, ainda que poesia.



Morreu hoje Mario Benedetti
As palavras de hoje já estavam escolhidas
Mudei a foto em homenagem a este ótimo escritor.


Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?

Paulo Leminski