quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Se cada dia...



Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa.

há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.


Pablo Neruda
Últimos Poemas

terça-feira, 17 de agosto de 2010

apesar da distância posso ver ...



Distâncias dizem respeito a lugares. Às vezes, lugares especiais; às vezes, lugares comuns; às vezes, lugares-comuns. Porque distâncias são sempre estados. De espírito, principalmente.
É tão verdade acordar no meio da noite e ter a certeza de que alguém, distante, está pensando em nós, como viver ao lado de alguém que mora em Katmandu - no sentido figurado ou não.
Porque distâncias se formam não por metros ou quilômetros. Distâncias são feitas por pequenas desatenções, desleixos, todas as minúsculas vitórias do menos importante sobre o mais importante, como os atropelos da urgência sobre o ouvido atento.
Distâncias não existem per se , são criadas por nós mesmos, todos os dias, todos os momentos.
Podem ser aumentadas ou reduzidas - pesquisas recentes provam que um simples sorriso é capaz de compensar milhares de quilômetros em distância, da mesma forma que pensamentos, sentimentos, quereres.
É por isso mesmo que, da janela do sétimo andar, consigo ver Lisboa.


apud Flavio Valsani em 23 de abril de 2007 do blog è per oggi?